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Costura e afins

Quando, em gerontologia, recolhemos a Narrativa Ocupacional dos clientes (neste caso das senhoras em especial), a ocupação "costura" é mencionada diversas vezes. Algumas dessas vezes como uma ocupação de produtividade, quando este era o emprego da pessoa e algumas vezes como lazer, quando se revela uma ocupação que faziam como entretenimento. É, por isso, frequente que as senhoras a mencionem como algo que gostariam de voltar a fazer, mas que sentem que não conseguem, por diversos motivos: já não se lembram como se faz, não conseguem agarrar na agulha ou já nem têm os materiais necessários. A realidade é que a costura e afins (crochet, tricot, …) é uma das ocupações mais significativas para as idosas atualmente e deve ser usada como atividade terapêutica sempre que se justificar, com as devidas adaptações e graduações.

Os recursos que vos apresentamos em seguida foram utilizados com uma população com diagnóstico de Demência, em diferentes fases. No entanto, acreditamos que poderá ser utilizado em diversas faixas etárias, uma vez que é acessível, apelativo e fácil de adaptar e graduar.

Estas flores (ou outras formas) são feitas num material chamado EVA, que apresenta uma textura macia e esponjosa, muito fácil de manusear. Neste caso desenhámos as flores no material (utilizando um molde), recortámos e picotámos (com o auxílio de um palito de grandes dimensões e uma esponja). Em seguida, pedimos às senhoras que cosessem as flores com lã, pelo picotado. As agulhas que utilizamos são adaptadas da versão original, uma vez que são de plástico, mais grossas e têm uma maior abertura na zona onde se coloca a lã (diminuem os riscos com a segurança e permitem mais independência na realização dos trabalhos).

Embora esta atividade terapêutica seja muito rica, pelo enorme significado geralmente atribuído à mesma, será sempre necessário graduá-la de acordo com cada caso.

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Alguns exemplos de adaptações e graduações possíveis:

  • Desenhar a flor | Copiar em torno de um molde;

  • Recortar a flor | Pedir ao cliente que a recorte;

  • Picotar a flor | Pedir ao cliente que o faça;

  • Apresentar a flor com o picotado (pista visual que indica onde coser) | Pedir que o cliente cosa em torno da flor, sem picotado (sem pista visual);

  • Dar ao cliente a flor e lã aleatoriamente | Pedir ao cliente que escolha as cores que prefere;

  • Optar pelo picotado mais fino (maior exigência ao nível da motricidade fina, por exemplo) | Optar por um picotado mais largo;

  • Optar por lã/linha mais fina | Optar por lã mais grossa (exige menos força);

  • Maior contraste entre a cor da flor e da lã (facilita em caso de dificuldades visuopercetivas) | Menor contraste;

  • Entre muitas outras adaptações e graduações…

Além destas flores serem uma ótima atividade terapêutica pela sua versatilidade, são também recursos muito fáceis de inserir noutras atividades, como por exemplo: relacioná-las com a chegada da primavera e pedir aos clientes que decorem o espaço com elas (acima de tudo, permite aos clientes que se relacionem com o ambiente físico e percecionem o espaço como seu). Também permitem a realização de projetos a longo prazo (com duração superior a uma só sessão), que estimulam o cliente a voltar à terapia numa próxima sessão. Neste caso será um recurso muito útil com clientes com dificuldade em aderir ao processo terapêutico. Um exemplo deste tipo de projetos, é esta almofada:

Existem ainda outras atividades terapêuticas dentro da mesma tipologia, que são muito bem recebidas pela população idosa, mas que acreditamos serem benéficas noutras faixas etárias. Deixamos aqui algumas imagens:

Os sacos (verde e vermelho) foram comprados na Tiger (já traziam a lã e as agulhas que mostrámos acima). O restante material (EVA e lã) pode ser adquirido em qualquer loja de costura ou numa loja do chinês.

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