Os Sintomas Comportamentais e Psicológicos da Demência (SCPD) representam uma das vertentes mais difíceis de gerir por parte dos familiares e cuidadores de pessoas com Doença de Alzheimer e outras demências. Alguns SCPD são a irritabilidade, deambulamento, desinibição, ansiedade, agitação psicomotora, alterações no sono, apatia, entre outros. Foi apurado que cerca de 97% das pessoas com demência, experienciam pelo menos um destes SCPD, o que poderá ser a base para uma maior sobrecarga por parte dos seus cuidadores.

No entanto, sabe-se que os SCPD resultam de alterações muitas vezes despoletadas pelo ambiente físico e/ou social ou da relação que a pessoa estabelece com esses ambientes. Alguns exemplos de situações que podem levar ao aparecimento destes sinais e sintomas são a  sobrestimulação sonora, dificuldade em comunicar com os pares, desconforto por questões de higiene, fome, entre outros.

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Existem diversos modelos que abordam a ocorrência dos SCPD e que tentam justificar o seu aparecimento, sendo que consideramos muito interessante uma pesquisa mais aprofundada dos mesmos. São eles o “the progressively lowered stress threshold model”, “the competence-environmental press framework” e “the needs-driven dementia-compromised behaviour model”. Embora estes modelos sejam importantíssimos na procura pela causa da ocorrência dos SCPD, o mais importante será compreender que estes sintomas não vão cessar até que a necessidade que é expressa seja correspondida.

No sentido de tentar diminuir os SCPD o primeiro passo deverá ser o de corresponder a essa mesma necessidade expressa, no entanto nem sempre será possível, pelo que a estimulação sensorial como intervenção nestes casos poderá ser útil.

Abordamos brevemente algumas técnicas:

 

• A aromaterapia, que se baseia na utilização de óleos, cremes ou difusores com aromas que promovem a calma (como lavanda), apresenta efeitos positivos na agitação.

• A massagem, que inclui o toque terapêutico nas costas, ombros, pescoço, mãos ou pés para promover a calma, apresenta efeitos positivos na agitação, ansiedade, sentimentos depressivos e socializações disruptivas.

• A estimulação multisensorial, que combina a utilização de estímulos como efeitos visuais, sons relaxantes, aromas e toque terapêutico para superar a apatia e promover a calma, apresenta efeitos positivos na agitação, ansiedade, apatia e sentimentos depressivos.

• A terapia da luz branca, que recorre à exposição a luz especialmente desenhada para promover a sincronização do ciclo circadiano (período de 24h que equilibra o ciclo biológico) com um ambiente de luz escura-branca, apresenta efeitos positivos nos SCPD, mas também negativos.

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Devemos ter em atenção que uma atividade de estimulação sensorial não deve ser confundida com uma sessão de snoezelen, uma vez que não tem em conta todos os princípios dessa técnica.

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Para uma sessão de estimulação sensorial poderá utilizar materiais de baixo custo, como estímulo tátil, olfativo, visual, gustativo e auditivo. Seguem alguns exemplos:

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• Estímulos táteis – esponjas, tecidos macios, almofadas, folhos.

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• Estímulos auditivos – sons do mar, chuva, pássaros, entre outros. Música clássica.

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• Estímulos gustativos – frutas, chocolate.

 

• Estímulos visuais – garrafas sensoriais, projeções relaxantes (repetitivas e lentas).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

• Estímulos olfativos – cremes com aromas, flores secas, óleos, difusores.

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Deve certificar-se de que todo este material é seguro e não coloca em risco o utente. Alertamos ainda para a existência de alergias (por causa dos cremes e alimentos utilizados).

Poderá, no inicio da sua intervenção, aplicar um questionário sensorial preparado por si, que averigue as preferências do seu utentes (sabores e cheiros que gosta/não gosta; música preferida; temas calmantes, como o mar ou a serra).

 

Bibliografia que consideramos relevante:

• Dimitriou, T., Tsolaki, M. (2017). Evaluation of the efficacy of randomized controlled trials of sensory stimulation interventions for sleeping disturbances in patients with dementia: a systematic review. Clinical interventions in aging, 12, 543-548;

• Lorusso, L., Bosch, S. (2017). Impact of multisensory environment on behavior for people  with dementia: a systematic literature review. The gerontological society of america, 00 (00), 1-12;

• Scales, K., Zimmerman, S., Miller, S. (2018). Evidence-based nonpharmacological practices to adress behavioural and psychological symptoms of dementia. The gerontological society of america, 58 (51), 88-102.