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Terapeuta + um ingrediente extra

A terapia ocupacional para mim é uma ciência que vem do coração. Um conjunto de estudos e teorias que só vêm complementar a ideia base que é ajudarmos quem precisa a fazer o que gosta e necessita. 

Este texto não tem nada de terapêutico mas tem tudo do coração. O meu coração.

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Antes de mais quero pedir desculpa a todos os maravilhosos professores que tive e que tanto me falaram e ensinaram sobre relação terapêutica, mas descubro todos os dias que pouco sei sobre o assunto.

Quando chego ao centro de dia onde trabalho dou o meu coração aos meus velhotes (eu disse que não era um texto terapêutico) que tanto me enchem a alma.

Percebi que ser Terapeuta ali não chega. Estar com as mesmas pessoas todos os dias no mesmo local exige mais. Eles precisam de mais.

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Precisam de quem lhes dê um bom dia personalizado; precisam de quem os faça rir com as coisas mais simples; precisam de ter alguém a quem ensinar e perceberem que sabem tão mais que nós; precisam de quem oiça as suas angústias ou receios; precisam de quem lhes diga onde é a casa de banho de 5 em 5 minutos, sempre com o mesmo sorriso e tranquilidade; precisam de quem dance com eles, por mais limitações que existam; precisam de quem ponha um chapéu e vá dar uma caminhada, que se traduz em duas voltas à pista a passo de caracol. Não faz mal, eles já correram muito...

Não deve ser terapêutico sentar-me debaixo de uma árvore a ouvir histórias de um passado distante ou as anedotas dos alentejanos. Não sei se é terapêutico ficar junto da D.E a falar sobre o Céu e o Inferno e o que vamos fazer para ir para onde o "lume é mais brando"; não sei se é terapêutico ficar com eles à espera que a carrinha chegue ou dizer-lhes que hoje montamos tendas no jardim porque fica tudo a dormir cá.

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Mas sei que um sorriso faz os milagres, em que eu não acredito, e sei que no fim eles participam e envolvem-se nas atividades que são do seu interesse, construindo uma rotina equilibrada. E esse é o grande objetivo.

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Eles mandam, eu adapto. 

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Ficaria horas a falar destes meus velhotes que tanto me ensinam. Mas hoje ficamos por aqui. Com todas as dúvidas próprias de quem ainda agora começou este caminho de ser Terapeuta Ocupacional, mas com a certeza que apesar de todas as teorias da relação terapêutica sobre os limites e distâncias que se devem manter, podemos sempre dar mais um bocadinho do nosso coração.

Vão ver que faz uma diferença gigante na “parte terapêutica”.

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