CRÓNICAS OCUPACIONAIS
Terapia Ocupacional
Multidisciplinaridade

Muito se fala sobre a importância das equipas em saúde serem cada vez mais multidisciplinares e verem a pessoa de forma holística.
No entanto, o que é que este conceito significa mesmo?
Significa que um só utente poderá receber intervenções de várias áreas, por forma a que umas complementem as outras, mesmo que a intervenção seja realizada de forma indireta. Ou seja, um utente com Doença de Parkinson, pode ser acompanhado pela terapia ocupacional para treino de AVD’s, pela fisioterapia para diminuição do risco de queda, pela terapia da fala por problemas de deglutição, indiretamente pela neuropsicologia para avaliação constante do estado cognitivo, entre outros aspetos.
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Mas será que esta intervenção multidisciplinar não levará o utente a ser bombardeado com um infindável número de sessões por semana? Bem, a resposta não é óbvia e dependerá muito de local para local, mas a verdade é que é possível intervirem várias áreas e não levar a um exagero de terapias.
Uma excelente forma de incluir várias áreas na abordagem a um utente sem exagerar nas sessões é, realizar sessões conjuntas, em que as áreas incluídas na sessão vão olhar especificamente para os aspetos em que intervem, mas também receber novos conhecimentos da profissão vizinha.
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Hoje deixamo-vos um exemplo de uma sessão de grupo partilhada pela terapia ocupacional e pela terapia da fala. A população são idosos com Doença de Alzheimer em contexto ambulatório, todas as participantes são do sexo feminino e têm em comum o gosto pela culinária e a vontade de querer ajudar os outros. Além disso, todas têm afetados os seus papéis ocupacionais em casa (principalmente o de dona de casa, muito associado às lides domésticas) e beneficiam de sessões direcionadas à comunicação.
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Assim sendo, foi realizada uma sessão de culinária, com a intenção de doar os pratos cozinhados a uma instituição de solidariedade, que englobou:
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Orientação temporal e espacial;
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Discussão sobre o conceito de ajudar os outros;
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Evocação e nomeação (após pista visual) dos alimentos presentes nos pratos escolhidos;
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Discussão sobre truques de culinária que cada uma conhecia;
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Pesagem dos ingredientes a utilizar;
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Preparação da receita (mexer a massa, descascar legumes, temperar, partir bolachas, amassar com as mãos, entre outros)
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Preparação de um cartão de agradecimento à instituição pelo seu trabalho desenvolvido;
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Fotografia de grupo no final.
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Esta atividade, entre muitos outros aspetos, promoveu:
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Orientação para a realidade;
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Discussão livre de ideias e conceitos;
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Comunicação;
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Nomeação;
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Evocação;
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Praxias;
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Escrita e leitura;
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Cálculo;
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Experiências sensoriais;
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Memória;
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Manutenção de um papel ocupacional significativo para a pessoa;
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Valorização da família e dos pares;
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Bem-estar;
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Socialização.
Se já realizou uma sessão multidisciplinar conte-nos como correu e que atividades realizou.
Este texto teve a colaboração da Terapeuta da Fala Jéssica Brás
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