CRÓNICAS OCUPACIONAIS
Terapia Ocupacional
Team MOHO vs TEAM Canadiano
No Mundo dos Terapeutas Ocupacionais existem dois continentes:
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Continente do MOHO e Continente Canadiano
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Para Não-TO’s, a frase anterior não fez sentido nenhum. Contudo, para os nossos homónimos de profissão, fez-se luz!
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Como qualquer outra profissão, também a Terapia Ocupacional se rege por modelos e quadros de referência, criados por aqueles que nós chamamos de dinossauros da TO. Estes modelos fazem com que a nossa prática tenha evidência cientifica e ajudam-nos a seguir um caminho sempre que recebemos um novo utente. (Estagiários, já sentimos a vossa dor, já tivemos a sensação de não saber por onde se começa! ).
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Podemos encontrar diversos modelos teóricos (com o seu respetivo processo da prática), desde “rios” (Team KAWA!!), a organogramas muito complexos, que no fundo querem dizer coisas muito simples (Porquê Australiano?! Porquê?!).
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Contudo, desde que se dá inicio à jornada de se tornar Terapeuta Ocupacional, entramos em contacto com dois nomes (um pouco estranhos), mas que nos acompanharão para o resto da vida, independentemente da “tribo” a que nos juntarmos. Os nomes são:
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Kielhofner e Polatjko&Townsend
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Estes dois nomes estão automaticamente ligados a dois modelos. Modelos esses que “dividem” os terapeutas ocupacionais em duas tribos principais:
Tribo MOHO e Tribo Canadiano
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Os nativos da Tribo MOHO lutam com todas as forças pela Volição. Se durante a vossa prática ouvirem um TO a falar da volição, como se não houvesse amanhã, é seguro dizerem que se engloba na tribo MOHO.
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Volição, nada mais é, que a motivação que a pessoa tem para a ocupação. É aquilo que nos faz querer levantar do sofá para praticar exercício físico (nesse caso, a volição tem de estar bem lá em cima, lá bem em Júpiter!)
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Por outro lado, os nativos da Tribo Canadiano podem ser identificados quando, numa reunião, referem que o utente não participa nas sessões devido à sua Espiritualidade. Ora aí está a palavra chave do Canadiano! Muitas vezes confundida com as idas à missa.
FALSO!
A Espiritualidade engloba tudo o que a pessoa é e sente. É a verdadeira essência da pessoa que a faz querer, ou não, desempenhar determinadas ocupações.
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Os TO’s do MOHO vão fazer questões orientadoras e vão aplicar a MOHOST antes, durante, depois, passados 10 anos, passados 20…SEMPRE! Eles aplicam a MOHOST…Sempre!
“Mas eu não consigo perceber porque é que a pessoa tem este problema ocupacional!”
“Aplica a MOHOST que isso passa!” … típico.
Mas calma! Senhores do Canadiano, não fiquem a rir-se! E a vossa Medida Canadiana de Desempenho Ocupacional?! Pois é! Vocês também a aplicam antes, durante e no fim! Vocês querem que a pessoa identifique as suas principais ocupações e que depois as classifique de 1 a 10! Parece uma entrevista pós jogo de futebol:
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“Eu considero que o meu desempenho foi 10. É importante para mim a vitória, dou 10 também, e estou satisfeito, acho que é 10!
Tranquilidade, é preciso é tranquilidade, desempenhar com tranquilidade.”
E quando avaliam o utente?! Aí, é de caras para ver se pertence ao MOHO ou ao Canadiano. Duas palavras: Capacidades ou Componentes? Eis a questão.
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No MOHO, as pessoas têm Capacidades de Desempenho para determinadas ocupações (ex.: força, memória…) que, quando comprometidas, levam a problemas no desempenho. Já no Canadiano, são os Componentes (Físicos, Cognitivos e Afetivos) que influenciam o desempenho.
Enfim, com tantos conceitos diferentes, existe uma “rivalidade” amigável entre estas duas tribos. Amigável porquê?
Porque, no final, ambos os modelos avaliam o utente, as suas características, interesses, dificuldades e potencialidades. Avaliam o que faz e como faz, bem como o seu o ambiente! Intervêm nas dificuldades do utente, potenciam os pontos fortes, adaptam o ambiente, a ocupação e, acima de tudo, focam-se na pessoa.
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MOHO, Canadiano, Kawa, Australiano…somos todos Terapeutas Ocupacionais. 😊

É, mais ou menos, uma receita que seguimos quando iniciamos a intervenção com um utente.